"Morro de saudades do Pedro. Nunca esqueci o Pedro. Sempre que eu me sinto só, eu penso no Pedro". Vamos traduzir, o Pedro é o nome do ex-namorado, o último (ou pelo menos o mais marcante) que fez o cidadão ou a cidadã em questão feliz, em casa, contente. Aí, sempre que a casa ameaça ruir, a criatura pensa que é o Pedro que está fazendo falta. Ela pensa que ninguém é igual ao Pedro, que nobody does it better, que o Pedro é que é o cara. Esquece que se terminou, algo havia de errado. Que o Pedro, a pessoa, não era bem o parceiro dos sonhos. Mas que o Pedro, o sentimento, ah este é imbatível, representa a última vez que você se sentiu protegido, querido, desejado, maior do que o mundo, do que as coisas fúteis e os dias longos e as noites frias.
Então chega um momento em que você já não sabe mais fazer a distinção entre Pedro, a pessoa e o sentimento. E quando você sente aquele abandono brutal no domingo à tarde, acha que está morrendo de saudade do Pedro, mas na verdade queria mesmo era repetir a sensação que tinha quando vocês se abraçavam e era como se um anjo safado abrisse suas asas para te acolher do mundo que não consegue te entender e do qual você já desistiu. E você uma vez, pelo menos, fez sentindo do encontro com alguém, achou que valia a pena, que existe isso que alardeiam nos filmes, livros e canções, que felicidade não é uma palavra proibida no seu dicionário.
Mas quem escreveu foi ele.
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