terça-feira, 17 de junho de 2008

Hoje fui à missa. Uma missa para alguém que já não está.
E voltei para esse sentimento bom de religiosidade que me toma facilmente quando eu entro numa igreja.
Não, não sou católica, mas as paredes impregnadas de fé sempre despertam essa parte de mim, essa parte de que eu gosto tanto.
E entrei na igreja com esse sentimento bom de que tudo é uma mesma coisa, de que tudo é uma coisa só.

Não gostei das primeiras palavras, falavam de maldições, falavam de punição, como para me lembrar porque essa religião não é a minha. Mas para me lembrar também de que somos todos humanos, e falhos, inventando o que não somos capazes de entender.
As palavras seguintes foram de amor. Essas, para me saudar - acolhida à forasteira, sopa e calor para poder seguir viagem - e eu deixei que elas me levassem gentilmente pelo caminho da minha devoção. E não acompanhei as palavras que não sabia, mas cantei com as pessoas e rezei com as pessoas e trouxe a minha fé para sentar ao lado delas.

Me afastei no momento da comunhão e fui rezar diante da estátua no altar lateral. Era Nossa Senhora? Era Santa Tereza? Sempre preferi rezar diante das santas, como se diante de outra mulher eu fosse mais capaz de aceitar o incompreensível. E de repente, diante dela, entendi tudo isso que criamos para poder suportar a morte, esse flutuar no escuro vazio e solitário que é saber-se mortal. Mas alguns, às vezes, alguns são capazes de dar as mãos. Flutuando no espaço, no desamparo que é viver, às vezes esbarramos uns nos outros e deixamos que nossos dedos se entrelacem, e trocamos doçura e calor.

E há os abraços ainda, os abraços, esses refúgios que vivem ao nosso lado, que moram nos braços de cada um, mas tão distantes, meu deus!, tão distantes de nós. Um quilômetro ou uma respiração: a distância de um abraço tem o tamanho do nosso medo, somado ao medo do outro.
Fica longe, eu sei.

E no entanto, há tanto amor...

As religiões servem para que possamos dar as mãos mais vezes?

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu amei esse post.
amei.

me fez pensar em tudo que sentia lá dentro, quando ainda frequentava. [Hum, pois é não piso faz tempos...essas decisões que a gente toma na vida sabe?]
bjos!

Maritza disse...

'brigada, querida! :)
Beijos!