Nananananananananana Batman!
domingo, 6 de novembro de 2011
Formspringue.me
Se um dia você acordasse e descobrisse qe tudo na sua vida foi um sonho, o que faria?
Tomaria um antipsicótico?
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
Formspringue.me
És um doce de pessoa.Como pode alguém não gostar de ti/ Eu gosto.
Olá, pessoa querida!
Eu não faço a menor idéia de quem você é, mas obrigada! De verdade!
:-)
Eu não faço a menor idéia de quem você é, mas obrigada! De verdade!
:-)
sábado, 29 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
O interessante senso de decência das pessoas.
Moça de 21 anos chegou a se prostituir para ter dinheiro para comprar drogas, mas diz com orgulho que, ao contrário do irmão, nunca roubou nada da casa da mãe para vender e assim conseguir o dinheiro.
....................................
E eu entendo o que ela quis dizer com isso, não pensem que eu estou criticando a moça.
Moça de 21 anos chegou a se prostituir para ter dinheiro para comprar drogas, mas diz com orgulho que, ao contrário do irmão, nunca roubou nada da casa da mãe para vender e assim conseguir o dinheiro.
....................................
E eu entendo o que ela quis dizer com isso, não pensem que eu estou criticando a moça.
domingo, 23 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Caaaaaaras, tô citada na wikipédia como "Referência"!!!!! Quem escreveu esse verbete sobre o Vicente Huidobro?!?!?!?
"O seu manifesto Non serviam, de 1914, é considerado por historiadores latino-americanos como o marco inicial das vanguardas no continente americano." Segue referência de um texto, meu publicado numa antologia on-line, do tempo em que eu era bolsista da Zilá!!!
:-o
:-o
:-o
"O seu manifesto Non serviam, de 1914, é considerado por historiadores latino-americanos como o marco inicial das vanguardas no continente americano." Segue referência de um texto, meu publicado numa antologia on-line, do tempo em que eu era bolsista da Zilá!!!
:-o
:-o
:-o
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Diálogo aberto entre o Universo e Eu
Universo, sério, você é massa, eu sei que você me ama muito e eu também amo e venero você. Sei que você provê tudo de fundamental na minha vida e sou profundamente grata por isso. Sei do seu empenho em me mostrar e me ensinar todas as coisas mais importantes da maneira mais amorosa e gentil possível (a não ser, é claro, quando eu mesma cago tudo). Mas, Universo, cara, sério, às vezes você é o maior mindfucker que eu conheço.
Também te amo.
Pela atenção, obrigada.
(P.S.: Sei que diálogo pressupõe que a outra parte fale também, e parece que isso não aconteceu aqui, mas aconteceu, me acredite. Você é que não ouviu.)
Também te amo.
Pela atenção, obrigada.
(P.S.: Sei que diálogo pressupõe que a outra parte fale também, e parece que isso não aconteceu aqui, mas aconteceu, me acredite. Você é que não ouviu.)
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Estágio na psiquiatria
Não sei o que me deixa mais perturbada, se são os pacientes psicóticos ou aqueles que simplesmente não sabem como viver.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Estágio na psiquiatria
Paciente pergunta quando sai a sua condicional.
- Não é condicional, seu Fulano, é saída para passeio.
Mesmo paciente, alguns minutos depois:
- Onde vocês colocam os loucos?
Residente, com auto-controle admirável, se segurando para não rir:
- Não sei, não, seu Fulano, mas não é aqui.
\o/
Louquinhos com senso de humor are the best!
- Não é condicional, seu Fulano, é saída para passeio.
Mesmo paciente, alguns minutos depois:
- Onde vocês colocam os loucos?
Residente, com auto-controle admirável, se segurando para não rir:
- Não sei, não, seu Fulano, mas não é aqui.
\o/
Louquinhos com senso de humor are the best!
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Estágio na psiquiatria
Acho fofo que os psiquiatras falam de sentimentos.
Acho irritante que os psiquiatras falam de sentimentos como se não os tivessem.
Acho irritante que os psiquiatras falam de sentimentos como se não os tivessem.
domingo, 2 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
domingo, 28 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
Plantão no CTI hoje
Um suicídio bem sucedido.
De verdade.
Não é metáfora, força de expressão, brincadeira ou ironia.
Fomos atender uma parada na psiquiatria. O paciente ganhou de nós.
Espero que esteja bem, onde quer que esteja, se existe algum outro lugar para estar.
Mas afinal, somos feitos da mesma matéria das estrelas.
Será que alguém esqueceu de contar isso para ele?
Ou será que foi justamente por isso que ele se largou no infinito?
Plantão no CTI hoje.
De verdade.
Não é metáfora, força de expressão, brincadeira ou ironia.
Fomos atender uma parada na psiquiatria. O paciente ganhou de nós.
Espero que esteja bem, onde quer que esteja, se existe algum outro lugar para estar.
Mas afinal, somos feitos da mesma matéria das estrelas.
Será que alguém esqueceu de contar isso para ele?
Ou será que foi justamente por isso que ele se largou no infinito?
Plantão no CTI hoje.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
As mesmas mãos que seguram e afagam uma criancinha com um dia de vida.
Que são as mesmas mão que fazem compressões na paciente em parada cardiorrespiratória.
Que são as mesmas mãos que não sabem o que fazer enquanto o esposo dela chora, porque a pessoa com quem ele achava que ia passar o resto da vida acabou.
Que são as mesmas mãos que escrevem essas palavras.
Que são as mesmas mãos.
Que são minhas.
Que são as mesmas mão que fazem compressões na paciente em parada cardiorrespiratória.
Que são as mesmas mãos que não sabem o que fazer enquanto o esposo dela chora, porque a pessoa com quem ele achava que ia passar o resto da vida acabou.
Que são as mesmas mãos que escrevem essas palavras.
Que são as mesmas mãos.
Que são minhas.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Eu sempre fico emocionada e comovida com o quanto eu sou abençoada nesse mundo. Eu conheço as pessoas mais lindas e especiais que existem! Muitas, muitas delas vivem na minha vida, chegam e passam e ficam e voltam e me dão os presentes mais legais que existem. Me dão esses presentes com as mãos, com as palavras, com o corpo, ou simplesmente com a sua presença doce e segura do meu lado.
É bom sentir o amor respirar.
Obrigada, Universo, obrigada por tudo.
É bom sentir o amor respirar.
Obrigada, Universo, obrigada por tudo.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
A fantasia do relacionamento perfeito.
"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu."
Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu
sábado, 9 de julho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Não sei porque resolvi ler nossos e-mails quase dois anos depois. Não sei se ficou mais fácil ou mais difícil de te perdoar no meu coração. Da minha vida tu nunca mais vai fazer parte.
Não, não me orgulho desse rancor, mas tem coisas com as quais eu não sei lidar.
Porque no fim de tudo eu não consigo entender tanto egoísmo e tão pouca capacidade em lidar generosamente com outro ser humano. Eu não sei quem você é. Eu provavelmente nem sequer sei quem você foi. Tenho certeza de que você não sabe quem eu sou ou fui também. Tanto amor nunca passou a barreira de si mesmo.
Mas existe um lado de mim que é melhor do que eu. E esse se alegra das coisas doces que escreveu, e fica contente em saber o quanto é capaz de amar e de, por um breve momento - mesmo que nutrido de ilusão - ser feliz consigo mesmo.
Eu te amei com uma profundidade e uma entrega que nunca chegou em ti, porque tu nunca quis aprender a lidar comigo. A mágoa e a tristeza chegaram na mesma profundidade, mas algum dia eu vou aprender a me perdoar e a seguir em frente.
Eu não me arrependo de ter te amado, eu me arrependo de que tenha sido tu.
Não, não me orgulho desse rancor, mas tem coisas com as quais eu não sei lidar.
Porque no fim de tudo eu não consigo entender tanto egoísmo e tão pouca capacidade em lidar generosamente com outro ser humano. Eu não sei quem você é. Eu provavelmente nem sequer sei quem você foi. Tenho certeza de que você não sabe quem eu sou ou fui também. Tanto amor nunca passou a barreira de si mesmo.
Mas existe um lado de mim que é melhor do que eu. E esse se alegra das coisas doces que escreveu, e fica contente em saber o quanto é capaz de amar e de, por um breve momento - mesmo que nutrido de ilusão - ser feliz consigo mesmo.
Eu te amei com uma profundidade e uma entrega que nunca chegou em ti, porque tu nunca quis aprender a lidar comigo. A mágoa e a tristeza chegaram na mesma profundidade, mas algum dia eu vou aprender a me perdoar e a seguir em frente.
Eu não me arrependo de ter te amado, eu me arrependo de que tenha sido tu.
terça-feira, 7 de junho de 2011
segunda-feira, 6 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Da Série Diálogos
Maritza diz:
Sexta-feira tive uma epifania no hospital.
Amiga Índigo diz:
Conta!
Maritza diz:
Me dei conta de que vou ser médica.
Tô falando sério,
não é avacalhação não,
levei só 4 anos para me dar conta.
Amiga Índigo diz:
Quando isso acontecer comigo tu me leva pro 4º Norte.
Maritza diz:
HAHAAHAHHA
Amiga Índigo diz:
Sério. Nao é avacalhação. saushuashuahsuahsauhs
Mas e o que deflagrou esse teu processo?
Maritza diz:
Sei lá, tava caminhando no corredor do hospital, quando coloquei a mão no meu esteto
e subitamente a ficha caiu.
Foi bizarro e feliz.
Sexta-feira tive uma epifania no hospital.
Amiga Índigo diz:
Conta!
Maritza diz:
Me dei conta de que vou ser médica.
Tô falando sério,
não é avacalhação não,
levei só 4 anos para me dar conta.
Amiga Índigo diz:
Quando isso acontecer comigo tu me leva pro 4º Norte.
Maritza diz:
HAHAAHAHHA
Amiga Índigo diz:
Sério. Nao é avacalhação. saushuashuahsuahsauhs
Mas e o que deflagrou esse teu processo?
Maritza diz:
Sei lá, tava caminhando no corredor do hospital, quando coloquei a mão no meu esteto
e subitamente a ficha caiu.
Foi bizarro e feliz.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
A última frase do meu relatório de pediatria:
"Sendo um bebezinho perfeitamente saudável, ele pôde ser encaminhado ao alojamento conjunto, ficando aos cuidados da mãe, com acompanhamento do pai, até que mãe e bebê recebessem alta e pudessem ir para a casa, onde eram ansiosamente esperados por mais seis irmãos."
Alguma coisa me diz que o professor vai achar que eu estou sendo irônica.
Alguma coisa me diz que o professor vai achar que eu estou sendo irônica.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
sábado, 30 de abril de 2011
¿Qué se puede hacer en ochenta años? Probablemente, empezar a darse cuenta de cómo habría que vivir y cuáles son las tres o cuatro cosas que valen la pena. Un programa honesto requiere ochocientos años. Los primeros cien serían dedicados a los juegos propios de la edad, dirigidos por ayos de quinientos años; a los cuatrocientos años, terminada la educación superior, se podría hacer algo de provecho; el casamiento no debería hacerse antes de los quinientos; los últimos cien años de vida podrían dedicarse a la sabiduría. Y al cabo de los ochocientos años quizá se empezase a saber cómo habría que vivir y cuáles son las tres o cuatro cosas que valen la pena.
Un programa honesto requiere ocho mil años. Etcétera.
Ernesto Sábato. (1911 - 2011)
Un programa honesto requiere ocho mil años. Etcétera.
Ernesto Sábato. (1911 - 2011)
quarta-feira, 27 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
30 Day Song Challenge day 10: a song that makes you fall asleep.
Não, claro que hoje eu não consigo mais dormir com essa música, mas, quando eu era criança, era isso que eu pedia para o meu pai colocar para tocar na hora de dormir. Só deus sabe como a criança dormia depois disso.
Aquele trecho entre os 5:50 e os 6:25 me dá orgasmos musicais.
Sim, eu precisava dividir isso com vocês.
Aquele trecho entre os 5:50 e os 6:25 me dá orgasmos musicais.
Sim, eu precisava dividir isso com vocês.
domingo, 24 de abril de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
"...temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades."
Boaventura de Sousa Santos
Nossa! Gostei disso!
Boaventura de Sousa Santos
Nossa! Gostei disso!
terça-feira, 12 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
quarta-feira, 30 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
"Antes eu amava especialmente o seu cheiro. Ela ainda cheirava a frescor: de banho tomado, ou cheiro fresco de lavanda, ou de suor fresco, ou de quem foi amada há pouco. Às vezes usava perfume, não sei qual, e era mais leve do que todos os outros. Por baixo desses cheiros frescos existia ainda um outro, um cheiro pesado, escuro, acre. Frequentemente eu a farejava como um animal curioso, começando pelo pescoço e ombros, que cheiravam como se tivessem acabado de sair do banho, inspirando o cheiro fresco de suor entre os seus seios, misturado com o outro cheiro nas suas axilas, encontrando esse cheiro pesado e escuro quase puro na cintura e na barriga, e entre as pernas numa tonalidade de fruta que me excitava. Também bisbilhotava suas pernas e pés, as coxas, onde o cheiro pesado se perdia, os joelhos, mais uma vez cheirando levemente a suor fresco, e os pés com cheiro de sabonete, ou couro, ou cansaço. As costas e os braços não tinham nenhum perfume especial, não cheiravam a nada e no entanto cheiravam como ela, nas palmas das mãos havia o perfume do dia e do trabalho: a tinta preta dos bilhetes, o metal do furador, cebola, ou peixe, ou carne assada, água com sabão ou o calor do ferro de passar. Quando lavadas, as mãos a princípio não demonstravam nada disso. Mas o sabão apenas cobria os cheiros e depois de certo tempo eles voltavam, fracos, combinados num único perfume de cotidiano e trabalho, no perfume do fim do dia e do trabalho, da noite, do retorno para casa e do conforto de estar nela."
O Leitor,
Bernhard Schlink
O Leitor,
Bernhard Schlink
Da Série Diálogos
Atendo o porteiro eletrônico:
- Quem é?
- Sou eu, mãe.
Uma fração de segundo.
- Acho que tu tocou no apartamento errado.
- Ah, é. Desculpe.
Mas naquela fração de segundo ali quase saí correndo e gritando!
- Quem é?
- Sou eu, mãe.
Uma fração de segundo.
- Acho que tu tocou no apartamento errado.
- Ah, é. Desculpe.
Mas naquela fração de segundo ali quase saí correndo e gritando!
O que talvez explique a minha ambiguidade em relação ao casamento
"Num estudo sobre a relação entre a depressão e o amor romântico, o psiquiatra italiano Silvano Arieti concluiu que as mulheres casadas sofrem mais de depressão do que os homens na proporção de dois para um. Nas outras categorias — solteiras, divorciadas e viúvas — as mulheres têm taxas mais baixas que os homens. Ele afirma que entre os fatores sócio-culturais que estão por trás da depressão feminina se encontra o fato de que o objetivo dominante para muitas mulheres não é a busca de um “eu” autêntico, mas a busca do amor romântico."
Regina Navarro Lins
Regina Navarro Lins
sexta-feira, 25 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
sábado, 12 de março de 2011
Adaptando Byron
Love is friendship with wings.
(But why do people focus only in the wings? Flying is fun but is the friendship that guarantees the safe landing.)
(But why do people focus only in the wings? Flying is fun but is the friendship that guarantees the safe landing.)
Essa não vai para a série Coisas que eu gostaria de ter escrito, porque isso significaria um passado de sofrimento indescritível para as pessoas que eu amo, e isso ninguém quer. Prefiro meus pais com seu esquerdismo moderado, sensato e intacto, suas fugas acadêmicas para a França, seu instinto de sobrevivência acima de qualquer causa. Talvez cause um certo desprezo em quem viveu o horror de verdade. Certamente não é bonito, não é motivo de orgulho, nem foi seriado de TV, mas deixou neles partes íntegras, que de outra forma teriam sido destruídas pela crueldade da ditadura. Eles ainda têm medo, é verdade. Um medo estranho e difuso, entranhado neles de uma forma que não encontra explicações razoáveis. Mas o medo é a maior cicatriz deles, e sei que há outras infinitamente maiores, mais profundas e mais dolorosas marcadas no todo de outras pessoas.
Reproduzo esse texto aqui porque ele me comoveu. Porque me encanta e me toca o quanto a Fal consegue tantas coisas de tantos jeitos, me fazendo rir, me fazendo chorar, me fazendo sentir e entender coisas às vezes delicadas e doces, outras vezes dolorosas e quase impossíveis de imaginar.
"A sala da minha mãe
O que passaram os caras sentados acolá, na sala da minha mãe , você e eu nem podemos imaginar. Com todo nosso discursinho a favor disso e contra aquilo, nossos slogans, nossas eleições cheias de candidatos fabricados, bolinhas de papel, bandeirolas agitadas aqui e ali, meu bem, nossas opinõezinhas sobre Cuba e leite B e uniformes e palavras cujo gênero se inventa, nossos blogs engajadinhos, nossos blogs alienados, nossas aulas medíocres em universidades idem, nossas aulas geniais em todos os cantos, nossa panfletagem rasteira e essa pose de quem está salvando o mundo, nós não fazemos a mais-mínima-porra-ideia. Os caras sentados ali na sala da minha mãe passaram por tudo, mangueiras de alta pressão, celas imundas, espancamenos de verdade, choque elétrico e afogamento. Um deles perdeu um filho, o outro um olho, todos têm cicatrizes e um pavor irracional de serem pegos num comando tolo, desses de sexta-feira, que procura maconheiros e bêbados mimados. Os caras sentados ali na sala da minha mãe tomam remédio pro ácido úrico e pra depressão, pra pressão alta, pra pressão baixa. Eles viram o pior, eles perderam o que havia pra perder e além. Alguns, como meu tio S., ainda acreditam. Alguns, como a minha boa mãe, não crêem em mais nada e torcem a boca de nojo com o discurso de quem ganhou, com o discurso de quem perdeu. Alguns votaram em um, um monte no outro, alguns, não, vários deles, inda sonham com acampamentos ilegais, armas idem e invasões de toda sorte. Eles estão acolá, na sala da minha mãe, rindo alto, vendo fotos antigas, cantando musiquinhas (uma versão em especial, paródia de Quem te viu, quem te vê, do Chico, diz "você era o mais bonito, da escola de cadetes, você era o favorito, pois tocavas clarinete" e por aí vai, engraçadíssima), lembrando dos que morreram na cadeia, na tortura, no exílio. É bonito de ver, é triste também. Minha mãe coça o braço por cima de uma das cicatrizes (não a pior) e faz cara de choro de quando em vez. Eu sei que ela tem pesadelos às vezes, com a cadeia, com as surras, com o outro lado do mundo, embora ela não me conte. Sei, porque pesadelos _ doutra sorte _ me acordam às 3 da manhã, e vou para a sala, e ela já está lá, fumando e chorando junto com alguma ópera bem desgraçada, cheia de tuberculoses e bebês moribundos.
Mas os caras que estão acolá, sentados na sala da minha mãe, uns de tevê, outros de sala de aula, outros da vida, fumam, riem, cantam e enterram seus mortos mais uma vez, sem chorar. Pelo menos, não aqui. Pelo menos, não agora."
Para você ler a Fal, é só clicar aqui.
Reproduzo esse texto aqui porque ele me comoveu. Porque me encanta e me toca o quanto a Fal consegue tantas coisas de tantos jeitos, me fazendo rir, me fazendo chorar, me fazendo sentir e entender coisas às vezes delicadas e doces, outras vezes dolorosas e quase impossíveis de imaginar.
"A sala da minha mãe
O que passaram os caras sentados acolá, na sala da minha mãe , você e eu nem podemos imaginar. Com todo nosso discursinho a favor disso e contra aquilo, nossos slogans, nossas eleições cheias de candidatos fabricados, bolinhas de papel, bandeirolas agitadas aqui e ali, meu bem, nossas opinõezinhas sobre Cuba e leite B e uniformes e palavras cujo gênero se inventa, nossos blogs engajadinhos, nossos blogs alienados, nossas aulas medíocres em universidades idem, nossas aulas geniais em todos os cantos, nossa panfletagem rasteira e essa pose de quem está salvando o mundo, nós não fazemos a mais-mínima-porra-ideia. Os caras sentados ali na sala da minha mãe passaram por tudo, mangueiras de alta pressão, celas imundas, espancamenos de verdade, choque elétrico e afogamento. Um deles perdeu um filho, o outro um olho, todos têm cicatrizes e um pavor irracional de serem pegos num comando tolo, desses de sexta-feira, que procura maconheiros e bêbados mimados. Os caras sentados ali na sala da minha mãe tomam remédio pro ácido úrico e pra depressão, pra pressão alta, pra pressão baixa. Eles viram o pior, eles perderam o que havia pra perder e além. Alguns, como meu tio S., ainda acreditam. Alguns, como a minha boa mãe, não crêem em mais nada e torcem a boca de nojo com o discurso de quem ganhou, com o discurso de quem perdeu. Alguns votaram em um, um monte no outro, alguns, não, vários deles, inda sonham com acampamentos ilegais, armas idem e invasões de toda sorte. Eles estão acolá, na sala da minha mãe, rindo alto, vendo fotos antigas, cantando musiquinhas (uma versão em especial, paródia de Quem te viu, quem te vê, do Chico, diz "você era o mais bonito, da escola de cadetes, você era o favorito, pois tocavas clarinete" e por aí vai, engraçadíssima), lembrando dos que morreram na cadeia, na tortura, no exílio. É bonito de ver, é triste também. Minha mãe coça o braço por cima de uma das cicatrizes (não a pior) e faz cara de choro de quando em vez. Eu sei que ela tem pesadelos às vezes, com a cadeia, com as surras, com o outro lado do mundo, embora ela não me conte. Sei, porque pesadelos _ doutra sorte _ me acordam às 3 da manhã, e vou para a sala, e ela já está lá, fumando e chorando junto com alguma ópera bem desgraçada, cheia de tuberculoses e bebês moribundos.
Mas os caras que estão acolá, sentados na sala da minha mãe, uns de tevê, outros de sala de aula, outros da vida, fumam, riem, cantam e enterram seus mortos mais uma vez, sem chorar. Pelo menos, não aqui. Pelo menos, não agora."
Para você ler a Fal, é só clicar aqui.
quarta-feira, 9 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
segunda-feira, 7 de março de 2011
Recarregando baterias
Então fomos na pracinha da nossa infância e batemos fotos e rimos e conversamos e passamos o tempo juntos.
Foi um dia feliz.
Foi um dia feliz.
sábado, 5 de março de 2011
sexta-feira, 4 de março de 2011
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