segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Sim
Eu preciso desse tempo aqui, em silêncio. Porque é ótimo jantarchurrascoamigosecreto(ganhei cremes perfumados, tão bom!)festadenatal, e eu gosto muito, realmente gosto muito de todas essas pessoas. E ontem foi especial, porque ontem ela me abraçou, e ela está com uma barriga linda!, e eu sabia que estava ganhando dois abraços ao mesmo tempo. Mas, desculpem, é um bocado de esforço tudo isso tantas vezes. E eu preciso desse tempo aqui, para meditar, para escrever, para tentar fazer sentido, para cicatrizar um pouco, para descansar outro tanto. Preciso finalmente me sentir cansada e parar o reflexo de me defender de tudo. Provavelmente a melhor coisa seria voltar para os braços das pessoas do “meu mundo”. Mas não agora. Preciso de tempo, o meu tempo. Preciso que a vida ganhe de novo o meu ritmo, o meu jeito, preciso colocar muitas coisas no papel, preciso tirar outras tantas dele. Preciso, sim, das pessoas que eu amo, mas não imediatamente. Preciso antes daquele espaço. Aquele espaço dentro de mim que ficou dolorido demais. Preciso daquele silêncio que sobra quando as pessoas todas estão fora de casa. Preciso de um pouco de música, mas não tanto que ocupe o lugar que eu tenho que reencontrar. Preciso conciliar as várias coisas dispersas que se espalham pelo chão quando eu penso demais. Preciso perdoar muitas coisas e ficar braba com outras tantas e nunca perder de vista o que eu sou capaz de fazer, porque isso é ainda mais importante do que o que eu vim buscar.
Foi um ano difícil.
E ainda assim eu tenho tanto para agradecer.
Foi um ano difícil.
E ainda assim eu tenho tanto para agradecer.
Cara, que pérola isso aqui!
"Mestre Delih Responde
Mestre,
Serei bem objetiva: não sou bonita. E embora não me lamente nem me faça de vítima, pois sei que tenho diversos outros talentos que não a beleza, gostaria de saber sua opinião sobre o assunto. Então responda sinceramente: beleza é fundamental?
Joana
Cara Joana,
Uma coisa é certa: as pessoas bonitas tendem a ser melhor tratadas e a receber mais atenção por parte de todos. Isso é um fato. E acontece desde a mais tenra infância. Portanto, num certo sentido a vida é mais fácil, sim, para as pessoas belas. Entretanto, justamente porque a existência é mais áspera para aqueles desprovidos de beleza, eles tendem a desenvolver outros talentos, a ser pessoas mais questionadoras e portanto mais agudas de pensamento do que os muito belos. E neste ponto você deve estar se perguntando: será verdade que o Mestre Delih está escrevendo um texto na linha Polliana? Ao que eu respondo: não estou, não. Porque não se iluda: as pessoas bonitas são indiscutivelmente mais felizes.
Mestre Delih
Está chupando limão."
Na recém encontrada fonte de alegria Uma Dama Não Comenta.
Mestre,
Serei bem objetiva: não sou bonita. E embora não me lamente nem me faça de vítima, pois sei que tenho diversos outros talentos que não a beleza, gostaria de saber sua opinião sobre o assunto. Então responda sinceramente: beleza é fundamental?
Joana
Cara Joana,
Uma coisa é certa: as pessoas bonitas tendem a ser melhor tratadas e a receber mais atenção por parte de todos. Isso é um fato. E acontece desde a mais tenra infância. Portanto, num certo sentido a vida é mais fácil, sim, para as pessoas belas. Entretanto, justamente porque a existência é mais áspera para aqueles desprovidos de beleza, eles tendem a desenvolver outros talentos, a ser pessoas mais questionadoras e portanto mais agudas de pensamento do que os muito belos. E neste ponto você deve estar se perguntando: será verdade que o Mestre Delih está escrevendo um texto na linha Polliana? Ao que eu respondo: não estou, não. Porque não se iluda: as pessoas bonitas são indiscutivelmente mais felizes.
Mestre Delih
Está chupando limão."
Na recém encontrada fonte de alegria Uma Dama Não Comenta.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Então é Nataaaaal...
Morávamos no outro apartamento. Eu era criança. As festas de natal já eram lá em casa, sempre foram. Nessas ocasiões, eu costumava passar a maior parte da noite escondida atrás do sofá. Eu levava para lá os brinquedos que tinha recém ganhado, mais o prato com a janta e um copo de refri. Eventualmente, eu seqüestrava uma garrafa inteira, o que possibilitava uma freqüência ainda menor de saídas de trás do sofá. De tempos em tempos, quando as pessoas começavam a perguntar onde eu estava, eu aparecia, ficava um pouco com a família e, quando achava que a barra estava limpa, voltava para trás do sofá...
Sim, hoje muita coisa mudou. A família encolheu, o apartamento é outro e o sofá também. Hoje passo a festa com as pessoas de quem gosto, e ficamos juntos, e sinto saudade do meu avô, e sinto saudade do meu primo, e às vezes é ruim, mas a maior parte do tempo é bom.
Se eu aprendi a estar com as pessoas? Não. Isso tudo é só porque eu não caibo mais atrás do sofá.
Sim, hoje muita coisa mudou. A família encolheu, o apartamento é outro e o sofá também. Hoje passo a festa com as pessoas de quem gosto, e ficamos juntos, e sinto saudade do meu avô, e sinto saudade do meu primo, e às vezes é ruim, mas a maior parte do tempo é bom.
Se eu aprendi a estar com as pessoas? Não. Isso tudo é só porque eu não caibo mais atrás do sofá.
sábado, 22 de dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Roubado do Orkut da Rezinha
May the sun bring you new energy every day.
May the moon softly restore you by night.
May the rain wash away your worries.
May the breeze blow new strength into your being.
May you walk gently through the world and know its beauty all the days of your life.
Apache Blessing
May the moon softly restore you by night.
May the rain wash away your worries.
May the breeze blow new strength into your being.
May you walk gently through the world and know its beauty all the days of your life.
Apache Blessing
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Promessa
Como o calor de uma ausência recente.
Como a onda que molha a areia e depois recua.
Como o perfume de um estranho que nos lembra um momento bom.
Como a canção que uma criança balbucia enquanto brinca.
Como o silêncio que fica depois que a gente termina de rezar.
Eu vou estar aqui.
Como a onda que molha a areia e depois recua.
Como o perfume de um estranho que nos lembra um momento bom.
Como a canção que uma criança balbucia enquanto brinca.
Como o silêncio que fica depois que a gente termina de rezar.
Eu vou estar aqui.
Sabedoria televisiva
The goal in life is not to eliminate misery, it's to keep misery at the minimum.
House M.D.
House M.D.
sábado, 15 de dezembro de 2007
O pior, mas o pior mesmo
é que eu entendo.
Não muda nada, não ajuda em nada, não resolve nada.
Mas eu sei exatamente o que está acontecendo.
Não muda nada, não ajuda em nada, não resolve nada.
Mas eu sei exatamente o que está acontecendo.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Além de fonte para pesquisa ou deleite literário, a lírica galego-portuguesa do séc. XIII pode servir ainda – e servirá – como um interessante pretexto para essa breve e imprecisa reflexão a respeito do uso dos termos amigo/amiga. À época citada, as palavras amigo/amiga guardavam um duplo e belo sentido mais próximo do seu original. Em latim, Amicus não apenas denotava aquele por quem se tinha amizade, mas servia também para designar um favorito, um protetor, o homem amado. Amica, por sua vez, era aquela que ama, a amante, a amada. Ambos derivavam do verbo amare, que dispensa traduções.
Nas cantigas medievais galego-portuguesas, esse significado se preserva: o Eu-lírico feminino das Cantigas de Amigo utiliza indistintamente as palavras amigo/amado para referir-se ao seu objeto de afeição. Acostumado ao sentido distinto dos termos, o leitor contemporâneo talvez se confunda com isso, mas em pouco tempo percebe que a sua leitura ganha uma beleza adicional: o poema acaba por lhe oferecer a delicadeza de fundir os dois tipos de amor. O mesmo se passa nas Cantigas de Amor, nas quais o Eu-lírico masculino se refere igualmente a uma amiga/amada. (Ele se refere a ela, no entanto, principalmente como senhora, o que abre uma outra série de matizes que não nos interessa discutir aqui.)
O fato é que o duplo sentido do termo se conservou por longo tempo até que amigo/amado concentrassem significados diversos. Ainda no séc. XIX, Moraes e Silva considera amante como o segundo sentido do verbete amigo; amiga traz imediatemento o sentido de amásia, concubina. Apenas nos nossos dias os significados divergem no linguajar comum, mas ainda assim os dicionários conservam a origem e o sentido especial da palavra amigo.
É interessante observar que no francês deu-se fenômeno diverso, o duplo sentido conservou-se: petit ami/petite amie (literalmente pequeno amigo/pequena amiga) significam igualmente namorados, amados, amantes.
Acompanhar as palavras através dos séculos pode exigir um bocado de paciência e dedicação; para o verdadeiro filólogo, no entanto, não há nada mais fascinante.
Nas cantigas medievais galego-portuguesas, esse significado se preserva: o Eu-lírico feminino das Cantigas de Amigo utiliza indistintamente as palavras amigo/amado para referir-se ao seu objeto de afeição. Acostumado ao sentido distinto dos termos, o leitor contemporâneo talvez se confunda com isso, mas em pouco tempo percebe que a sua leitura ganha uma beleza adicional: o poema acaba por lhe oferecer a delicadeza de fundir os dois tipos de amor. O mesmo se passa nas Cantigas de Amor, nas quais o Eu-lírico masculino se refere igualmente a uma amiga/amada. (Ele se refere a ela, no entanto, principalmente como senhora, o que abre uma outra série de matizes que não nos interessa discutir aqui.)
O fato é que o duplo sentido do termo se conservou por longo tempo até que amigo/amado concentrassem significados diversos. Ainda no séc. XIX, Moraes e Silva considera amante como o segundo sentido do verbete amigo; amiga traz imediatemento o sentido de amásia, concubina. Apenas nos nossos dias os significados divergem no linguajar comum, mas ainda assim os dicionários conservam a origem e o sentido especial da palavra amigo.
É interessante observar que no francês deu-se fenômeno diverso, o duplo sentido conservou-se: petit ami/petite amie (literalmente pequeno amigo/pequena amiga) significam igualmente namorados, amados, amantes.
Acompanhar as palavras através dos séculos pode exigir um bocado de paciência e dedicação; para o verdadeiro filólogo, no entanto, não há nada mais fascinante.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Da Série Coisas que eu gostaria de ter escrito
"Dizem que se você acender umas velas, ficar na frente do espelho à meia-noite e repetir "supercordas" 7 vezes, uma delas aparece para você. Eu já tentei fazer isso, mas sempre fico com medo."
Mas quem escreveu foi ele.
Mas quem escreveu foi ele.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Pessoas queridas,
vão até o blog do Nelson (clicando aqui) e leiam o conto “Sax, flauta e cavaquinho” enquanto eu faço o estudo dirigido de biofísica.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
O acesso de riso do dia
Recebi por e-mail um "convite" de um ex-professor para o curso de especialização Gramática e Ensino de Língua Portuguesa.
Infindável é a misericórdia do Senhor
Hoje, em uma conversa telefônica, usei alegre e espontaneamente a palavra "escrutínio".
Regozijai-vos, ainda há lugar para mim entre os alfabetizados.
Regozijai-vos, ainda há lugar para mim entre os alfabetizados.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
domingo, 2 de dezembro de 2007
“As I always say, if it's not baroque, don't fix it!”
Finalmente consegui assistir à Bela e a Fera.
Mais fácil perguntar em que partes eu não chorei.
...
Tá, uma curiosidade importante, eu realmente preciso perguntar:
Naquela cena
- I want to do something for her... but what?
- Well, there's the usual things: flowers... chocolates... promises you don't intend to keep...
Todo mundo automaticamente pensa na biblioteca, certo? É o óbvio,... não é?
Mais fácil perguntar em que partes eu não chorei.
...
Tá, uma curiosidade importante, eu realmente preciso perguntar:
Naquela cena
- I want to do something for her... but what?
- Well, there's the usual things: flowers... chocolates... promises you don't intend to keep...
Todo mundo automaticamente pensa na biblioteca, certo? É o óbvio,... não é?
sábado, 1 de dezembro de 2007
E finalmente Jim Caviezel e seu private Witt
Tentei, mas não consigo fazer um post sobre ele.
Aqui, um link para o You Tube com a seqüência-clímax do personagem. Se por acaso você não viu o filme, mas pretende vê-lo, não assista a esse trecho, é tremendamente spoilerish.
O filme (The Thin Red Line, Terrence Malick, 1998) é um pouco cansativo, mas é muito bom. Acho essa seqüência especialmente bonita, mas tem que conhecer o personagem para entendê-la. Gosto do jeito como ela foi feita, porque aquilo é mostrado sem vaidade e a questão não é enobrecer a atitude do soldado, mas mostrar que no fim ele entendeu o que precisava entender.
...
Ou não. Ou serve apenas para mostrar que nada faz sentido.
Aqui, um link para o You Tube com a seqüência-clímax do personagem. Se por acaso você não viu o filme, mas pretende vê-lo, não assista a esse trecho, é tremendamente spoilerish.
O filme (The Thin Red Line, Terrence Malick, 1998) é um pouco cansativo, mas é muito bom. Acho essa seqüência especialmente bonita, mas tem que conhecer o personagem para entendê-la. Gosto do jeito como ela foi feita, porque aquilo é mostrado sem vaidade e a questão não é enobrecer a atitude do soldado, mas mostrar que no fim ele entendeu o que precisava entender.
...
Ou não. Ou serve apenas para mostrar que nada faz sentido.
Da Série Dialogos com meu ex-ogro consorte ou Há coisas nele que eu sempre vou amar
Ainda no mesmo telefonema, ele me contou algo que, segundo ele mesmo, não deveria me contar:
- Tenho tido um sonho recorrente. É assim: sonho que estou sendo morto. O jeito varia, tiro, facada, etc. Mas sempre, enquanto estou morrendo, só consigo pensar que preciso ligar para ti.
É, eu sei, não é algo que se ouça impassível, mas não vou comentar isso aqui. As coisas (as pessoas, na verdade) são o que são. E vão continuar assim. Sem novidade no fronte.
Só conto isso porque a partir daí ele mesmo inventou uma história que bem poderia ser um curta ou um conto. É assim:
A velhinha vai atender a porta, é a Morte:
- Bom dia, minha senhora, vim buscar o pedaço da alma de Fulano.
- Hein?
- Fulano, foi seu namorado. A senhora ficou com um pedaço da alma dele. Estou levando-o embora, então preciso dessa parte também.
A velhinha, naturalmente, não se lembra de onde deixou o pedaço de alma e a história continuava com a Morte e a velhinha revirando a casa da última atrás dele. O curta/conto acaba com o velhinho Fulano curtindo a vida; graças à bagunça da velhinha, a Morte nunca conseguiu encontrar o que precisava.
- Tenho tido um sonho recorrente. É assim: sonho que estou sendo morto. O jeito varia, tiro, facada, etc. Mas sempre, enquanto estou morrendo, só consigo pensar que preciso ligar para ti.
É, eu sei, não é algo que se ouça impassível, mas não vou comentar isso aqui. As coisas (as pessoas, na verdade) são o que são. E vão continuar assim. Sem novidade no fronte.
Só conto isso porque a partir daí ele mesmo inventou uma história que bem poderia ser um curta ou um conto. É assim:
A velhinha vai atender a porta, é a Morte:
- Bom dia, minha senhora, vim buscar o pedaço da alma de Fulano.
- Hein?
- Fulano, foi seu namorado. A senhora ficou com um pedaço da alma dele. Estou levando-o embora, então preciso dessa parte também.
A velhinha, naturalmente, não se lembra de onde deixou o pedaço de alma e a história continuava com a Morte e a velhinha revirando a casa da última atrás dele. O curta/conto acaba com o velhinho Fulano curtindo a vida; graças à bagunça da velhinha, a Morte nunca conseguiu encontrar o que precisava.
OBS
Antes que alguém venha me corrigir, querendo me ensinar a diferença entre história e estória, já adianto que o uso do termo é sempre proposital.
Da Série Dialogos com meu ex-ogro consorte ou In the rabbit hole
No desespero de um efetivo contato humano, i.e., na necessidade de se comunicar com um ser de espécie semelhante, liguei para ele. Não me recrimine, bem ou mal ele ainda é um dos meus melhores amigos. Sempre foi e nunca vai deixar de ser. Porque ele é uma daquelas pessoas que conseguem me fazer rir e que têm paciência para me deixar chorar e, principalmente, porque ele entende o que eu digo, o que eu achei que era totalmente corriqueiro e de repente descobri que não, que entender o que eu estou dizendo pode ser surpreendentemente difícil.
É uma sensação estranha, não? Você está conversando sobre alguma coisa e começa a se dar conta de que as outras pessoas não estão entendendo o que você está dizendo. Como... não sei ao certo... como se você falasse uma espécie de híbrido, um portunhol, digamos assim. Uma parte do que você diz é na mesma língua dos demais, mas uma parte não é, e essa as pessoas simplesmente não conseguem entender. É muito, muito estranho ter que modular seu vocabulário para se fazer entender (eu sei que isso soa terrivelmente arrogante, mas não é... não, peraí, sim! Isso É terrivelmente arrogante, and so what?! Foda-se!), mas principalmente: isso é tremendamente cansativo! É incrível, mas se comunicar cansa e você simplesmente começa a se entendiar de tudo a ponto de pensar em desistir: “se comunicar para quê mesmo?” [há exceções, meus amores, há exceções. Porque o Universo (ou Deus, ou chame do que quiser, para mim não faz a menor diferença) é legal comigo mesmo que eu seja uma baita chata, ingrata e reclamona.]
Mas não era sobre isso que eu queria falar. Está difícil entrar no assunto. O fato é que a gente conversou sobre várias coisas importantes e pelo menos deu para aliviar um pouco essa sensação ruim. E deu para falar bobagem e pensar sobre coisas que achei interessantes, aqui está uma delas:
Ele me contou que, conversando com uns amigos, surgiu a pergunta "que personagem de filme você queria ser?" (tá, você vai achar que a pergunta é idiota, mas é divertido, vai.) E ele respondeu que queria ser o personagem do Jim Caviezel no Além da Linha Vermelha. Todos os amigos escolheram personagens que "comiam a gostosona" do filme. Não preciso prosseguir com nenhuma reflexão aqui, preciso? Se você é uma das pessoas que conviveu com meu ex-ogro consorte sabe o tom irônico/amargo/desiludido com que ele fez seus comentários. Até aí nada demais. É que pensando nessa idéia de "identifique-se com um personagem" não fiquei pensando propriamente em filmes, mas em contos de fadas – porque foi um assunto que havia surgido entre meus amigos da medicina.
Então, quem é você nos contos de fadas, ou qual seu conto de fadas favorito? Quando eu era bem pequena (por volta dos três anos), minha historinha preferida era Os Três Porquinhos (um triunfo da inteligência sobre a força bruta?), mas logo que eu cresci um pouco, meu conto de fadas preferido se tornou Alice no País das Maravilhas. Não o filme da Disney propriamente. Era um daqueles LPs coloridos que em vez de música traziam historinhas, eu tinha vários. Alice era um deles e eu sabia todo de cor. Dos contos de fadas, de longe esse era o meu preferido.
A questão é que Alice não é propriamente um conto de fadas, é? Achei divertido e me peguei pensando no que isso diz a meu respeito...
Alice não tem Príncipe Encantado, nem Fada Madrinha. Ninguém vai salvá-la, ninguém vai lhe dar recursos além dela mesma. "Eu sou Alice e estou à procura do coelho branco" - ela dizia umas mil vezes no disquinho. É movida pela própria curiosidade que ela vai atrás do "coelho branco" e é por isso que ela cai no País das Maravilhas. Não há maldição de bruxa, ela está lá inteiramente por "culpa" sua. Sozinha, ela precisa fazer algum sentido daquele mundo. Alice me parece basicamente uma história sobre tentar compreender. Sobre aprender o suficiente para "encontrar o coelho branco". Mais interessante é que no final a gente descobre que tudo aquilo não era senão um sonho dela e o que parece ser uma busca "no mundo" é na verdade uma busca que ela empreende dentro dela mesma. Uma bela alegoria sobre o auto-conhecimento?
Gostei de pensar que sim, mas não posso deixar de me dar conta de uma coisa: essa é uma história tremendamente solitária, não é? E Alice não termina "feliz para sempre".
É uma sensação estranha, não? Você está conversando sobre alguma coisa e começa a se dar conta de que as outras pessoas não estão entendendo o que você está dizendo. Como... não sei ao certo... como se você falasse uma espécie de híbrido, um portunhol, digamos assim. Uma parte do que você diz é na mesma língua dos demais, mas uma parte não é, e essa as pessoas simplesmente não conseguem entender. É muito, muito estranho ter que modular seu vocabulário para se fazer entender (eu sei que isso soa terrivelmente arrogante, mas não é... não, peraí, sim! Isso É terrivelmente arrogante, and so what?! Foda-se!), mas principalmente: isso é tremendamente cansativo! É incrível, mas se comunicar cansa e você simplesmente começa a se entendiar de tudo a ponto de pensar em desistir: “se comunicar para quê mesmo?” [há exceções, meus amores, há exceções. Porque o Universo (ou Deus, ou chame do que quiser, para mim não faz a menor diferença) é legal comigo mesmo que eu seja uma baita chata, ingrata e reclamona.]
Mas não era sobre isso que eu queria falar. Está difícil entrar no assunto. O fato é que a gente conversou sobre várias coisas importantes e pelo menos deu para aliviar um pouco essa sensação ruim. E deu para falar bobagem e pensar sobre coisas que achei interessantes, aqui está uma delas:
Ele me contou que, conversando com uns amigos, surgiu a pergunta "que personagem de filme você queria ser?" (tá, você vai achar que a pergunta é idiota, mas é divertido, vai.) E ele respondeu que queria ser o personagem do Jim Caviezel no Além da Linha Vermelha. Todos os amigos escolheram personagens que "comiam a gostosona" do filme. Não preciso prosseguir com nenhuma reflexão aqui, preciso? Se você é uma das pessoas que conviveu com meu ex-ogro consorte sabe o tom irônico/amargo/desiludido com que ele fez seus comentários. Até aí nada demais. É que pensando nessa idéia de "identifique-se com um personagem" não fiquei pensando propriamente em filmes, mas em contos de fadas – porque foi um assunto que havia surgido entre meus amigos da medicina.
Então, quem é você nos contos de fadas, ou qual seu conto de fadas favorito? Quando eu era bem pequena (por volta dos três anos), minha historinha preferida era Os Três Porquinhos (um triunfo da inteligência sobre a força bruta?), mas logo que eu cresci um pouco, meu conto de fadas preferido se tornou Alice no País das Maravilhas. Não o filme da Disney propriamente. Era um daqueles LPs coloridos que em vez de música traziam historinhas, eu tinha vários. Alice era um deles e eu sabia todo de cor. Dos contos de fadas, de longe esse era o meu preferido.
A questão é que Alice não é propriamente um conto de fadas, é? Achei divertido e me peguei pensando no que isso diz a meu respeito...
Alice não tem Príncipe Encantado, nem Fada Madrinha. Ninguém vai salvá-la, ninguém vai lhe dar recursos além dela mesma. "Eu sou Alice e estou à procura do coelho branco" - ela dizia umas mil vezes no disquinho. É movida pela própria curiosidade que ela vai atrás do "coelho branco" e é por isso que ela cai no País das Maravilhas. Não há maldição de bruxa, ela está lá inteiramente por "culpa" sua. Sozinha, ela precisa fazer algum sentido daquele mundo. Alice me parece basicamente uma história sobre tentar compreender. Sobre aprender o suficiente para "encontrar o coelho branco". Mais interessante é que no final a gente descobre que tudo aquilo não era senão um sonho dela e o que parece ser uma busca "no mundo" é na verdade uma busca que ela empreende dentro dela mesma. Uma bela alegoria sobre o auto-conhecimento?
Gostei de pensar que sim, mas não posso deixar de me dar conta de uma coisa: essa é uma história tremendamente solitária, não é? E Alice não termina "feliz para sempre".
Antes de tudo
Se eu não posso explicar, não consigo me comunicar. Não consigo escrever aqui, porque não consigo refletir. Talvez não pareça, mas eu basicamente explico o mundo para mim mesma. Ajuda na comunicação com as pessoas (não atualmente, atualmente nada mais ajuda), mas antes de tudo, me ajuda a criar um mundo na qual eu mais ou menos consiga me mover (não mais, agora está se tornando impossível).
Provavelmente eu também não deveria estar explicando isso, mas, por mais que eu me esforce, não posso deixar de ser eu.
Provavelmente eu também não deveria estar explicando isso, mas, por mais que eu me esforce, não posso deixar de ser eu.
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