domingo, 16 de março de 2008

Post só para quem tem paciência

Pensei que melhoraria. Nas férias, jurei para mim mesma que seria diferente. Eu podia até ter minhas rabugices, meus acessos de mau humor, mas longe de lá tudo parecia fluir tão bem. Tudo parecia tão mais fácil: respirar, dormir, ser, estar com as pessoas, viver com carinho. E então eu volto para lá e é como se eu tivesse sido jogada de volta dentro de uma armadura, de um espartilho, sei lá. É como se eu tivesse que vestir um personagem dois números menor do que o meu!

Onde vão parar aquela harmonia, aquela fluidez? Eu nem sequer consigo me comunicar direito! As palavras me escapam, faltam pedaços às frase, e eu não consigo deixar claro o que eu quero dizer! Outro dia brinquei com uma pessoa querendo dizer que ela era tão bonita que se ela tirasse a roupa os velhinhos morreriam infartados, mas, provavelmente, ela acabou pensando que eu estava dizendo o oposto! O problema é que isso só me ocorreu várias horas depois, porque parece uma interpretação tão absurda, meu deus!, pensar que eu dizia o contrário! Era uma piadinha elogiosa, não uma maldade!

Algumas horas depois, nesse mesmo maldito dia, fiz uma brincadeira desdenhando gente interesseira (que na medicina tem às pencas), e uma amiga achou que eu estava falando dela! A menina ficou realmente magoada, com os olhos visivelmente marejados, e a brincadeira não tinha nada a ver com ela! Deus, eu queria bater com a minha cabeça na parede! Por que eu faço essas merdas?!?! O que eu faço de errado?! Por que acabo sendo interpretada desse jeito?!

Perco a vontade de falar, fico sem vontade de estar lá. Não sei interagir naquele ambiente. Não consigo me expressar e ao mesmo tempo não consigo me proteger dele. Aquele lugar me faz mal... E eu pensei que seria mais fácil! Pensei que seria mais fácil, porque consegui aprender algumas coisas, mas não a fez a menor diferença. Não mudou um milímetro o que é estar lá.

Sabe aquelas lamparinas antigas, com a chama fechada num bulbo de vidro, cuja luz a gente aumenta ou diminui girando uma rodinha? Me sinto apagando. Qual é o sentido de gritar no vácuo?
Como eu faço para mudar isso? O que eu faço para que aquele ambiente não me faça tão mal?

Porque eu acabo me fechando demais, e a vida perde a graça, e eu me tomo de uma frieza e uma distância que não são eu.
E, no entanto, nada disso ajuda. Não faz diferença nenhuma, porque continuo tão sensível como sempre, talvez mais. Todo um sistema de defesa burro e quase inútil. O que eu faço com isso?

Sim, é uma pergunta retórica, é só um desabafo. "Só falta agora ela perguntar qual o sentido da vida!" - você vai pensar. É só que me agonia esse cotidiano estranho, vivendo num lugar no qual eu não consigo me adaptar. Aquele ambiente me empurra do meu centro, e eu tenho medo de perder as coisas que consegui recuperar, e tenho medo de perder o contato com essa parte de mim que consegue viver mais solta, mais fluida, quase livre. Por que é tão difícil serenar?

Achei que seria mais fácil, mas, aparentemente, estava enganada.
...
Qual o sentido da vida?

4 comentários:

André Gonçalves disse...

o sentido
é o norte.

eu acho.

beijo.

Samara L. disse...

Reproduzir e comer carne.
Pelo menos é o que um amigo meu, argentino, defende ferrenhamente.

Anônimo disse...

Eu me imagino escrevendo esse texto...

ah, o anônimo é o paulo, tá

Maritza disse...

André: para que lado fica isso?

Samara: Não dá para trocar por chocolate e sexo?

Paulo: É, eu sei, não é nada fácil, né? Mas a gente vai levando...

Beijos para todos, queridos!