sábado, 6 de outubro de 2007

Eu sei que ninguém lê posts compridos; leia só a última frase então.

Qualquer pessoa que me conheça um pouco melhor sabe que eu consigo ter semanas infernais sem que nada esteja acontecendo no mundo real. Sim, eu sou emocionalmente desconjuntada. Incompetente. Sumamente patética.
Até aí, nenhuma novidade.

A delícia especial da semana é que a mãe fez uma cirurgia para retirar o útero e os ovários (histerecetomia com anexotomia, se você quer os termo técnicos dados pelo cirurgião) na quarta-feira. Calma, pessoas queridas, (*respirando no saquinho*) não se assustem, foi uma cirurgia eletiva, mas era melhor fazer agora do que mais tarde, quando ela ia realmente precisar. Não, não é câncer, mas, caramba!, é a minha mãe e nenhuma cirurgia é livre de riscos, porque, convenhamos, ela não foi simplesmente puxar pelanquinha...

O fato é que ela estava morrendo de medo. É. Só ela. Ela e ninguém mais.

*respira mais um pouco no saquinho* (copyright Cris)

Então eu tentei, eu juro que eu tentei ser um pouco mãe da minha mãe, e abraçá-la sempre, e dizer que ela não precisava ficar nervosa porque ia dar tudo certo, e que a cirurgia ia ser bem tranqüila, e que o médico tinha muita experiência, e blábláblá. Sim, eu dizia todas essas coisas, mas todas as mães sabem quando seus filhos estão mentindo. Eu ainda acho que fui ninja o suficiente por conseguir esconder dela por três dias as minhas faltas de ar periódicas (porque depois que eu entrei na medicina eu dei para isso, tenho crises esporádicas de falta de ar, é ridículo), mas ela descobriu quando a gente estava fazendo os papéis da baixa e automaticamente roubou de volta o papel de mãe e conseguiu me fazer acreditar (me diga como, meu deus?!?!) que ela já nem estava mais nervosa.

Como uma cordialidade entre colegas (hahaha, vocês gostaram dessa, né?) o médico me deixou assistir à cirurgia. Sim, eu estava com medo disso também, e antes de começar a enfermeira me disse: "se tu te sentir mal, pode sair da sala, viu, não tem problema", ao que eu respondi tentando fazer uma cara de Jedi: "Nem esquenta, tô tranqüila". E a verdade é que essa foi a melhor parte da minha semana, porque foi exatamente quando eu consegui entrar na minha zona de silêncio e permanecer lá, foi quando finalmente as coisas estavam acontecendo no mundo real ao invés de estarem apenas turbilhonando no mundo da minha cabeça. Eu não vou conseguir contar sobre a cirurgia e muito menos sobre o que eu senti, é muita coisa para elaborar, ainda estou processando, em todo caso, o que eu podia dizer sobre isso está dito.

Nesse meio tempo, eu tive prova, é óbvio, porque eu sempre tenho prova. Era para ser segunda, mas houve um desencontro de horários, a professora começou mais cedo (e ninguém na turma viu que estávamos faltando eu e mais um amigo – tão bom a gente ser invisível, não é mesmo?), e nós dois acabamos perdendo a prova. Agora calcule a alegria do ser CDF aqui...

Adicionado a todo esse estresse ainda estava a prova de recuperação que eu pretendia fazer para melhorar minha nota e da qual acabei desistindo na sexta-feira (depois de quase desenvolver uma úlcera). A prova que era para ser segunda acabou sendo na terça, mas por decisão dos professores nos últimos minutos do segundo tempo. Some aí ainda uma palestra cretina que deveria ser apresentada na quinta de manhã para uma cadeira detestável. Nesse contexto de pura alegria, é claro que a insônia voltou, trouxe colchonete, muda de roupa e uma escova de dentes nova, porque a velha estava ficando esfiapada. Endless fun, right?

Naturalmente, eu passei a semana histérica, aporrinhei a turma inteira de bioquímica, tive um surto de arrogância com uma pessoa querida (a respeito de uma coisa na qual eu nem sequer acredito!), distribuí patadas a meu bel prazer e gritei com gente que nem tinha entrado na história.

Então, sim, isso é um pedido oficial de desculpas. Fiquem bem, tá?

2 comentários:

Ana Paula disse...

Preciso aprender a me sentir culpada pelos meus surtos de arrogância...

Anônimo disse...

eu também! :P